Sem a análise adequada, Vereadores de Araguaína aprovam projetos de lei que impactam a vida dos servidores

Sem a análise adequada, Vereadores de Araguaína aprovam projetos de lei que impactam a vida dos servidores

Por SINFAR.

Na manhã desta terça-feira, 21 de maio, os Vereadores da Câmara Municipal de Araguaína participaram da aprovação de projetos de leis que impactam diretamente a vida dos aposentados e servidores da ativa da Prefeitura, sem que os vereadores tivessem tempo suficiente para uma análise aprofundada.

Os Projetos de Lei Complementar (PLC) nº 20/2024 e nº 21/2024, de autoria do Executivo foram protocolados na sexta-feira, 17 de maio, sendo submetidos à votação na terça-feira, após apenas três dias de tramitação.

Plenário da Câmara Municipal de Araguaína/TO, na manhã da terça-feira, 21 de maio. Imagem: Reprodução YouTube.

Durante a sessão, transmitida ao vivo pelo YouTube, (veja aqui), o presidente da Câmara, Marcos Duarte, falou ao plenário que os vereadores não tiveram tempo hábil para analisar os projetos, porém, ressaltou que a votação prosseguiria mesmo assim. Em um momento marcante da sessão (minuto 28:58 da transmissão), o presidente enfatizou “Além da contribuição dos servidores inativos, há também uma alteração que nós iremos votar ela e não tivemos, é um processo bem extenso, que é a alteração da taxa patronal. Então é uma alteração extensa, vou colocar ela pra votar, mas nós não tivemos tempo hábil para estudar”. E na sequência fala sobre a responsabilidade da Câmara Municipal: “Então estou deixando bem gravado aí, porque se amanhã tiver qualquer alteração, a culpa não vai estar sobre a Câmara Municipal. Então está aqui este processo todo! Eu duvido que algum vereador leu isso aqui tudo! Portanto, vamos seguir os trâmites legais”, completou o presidente. Várias pessoas que estavam presentes no plenário da Câmara, inclusive servidores públicos, não ficaram satisfeitos com a fala do Presidente.

O Vereador Terciliano Gomes foi o único a abster-se de votar o PLC 21/2024, alegando a impossibilidade de uma análise detalhada devido ao curto prazo fornecido.

Impactos dos projetos de lei

O PLC nº 20/2024 alterou a base de contribuição de aposentados e pensionistas do município, modificando a forma como são realizados os descontos previdenciários. Atualmente, aposentados e pensionistas contribuem com 14% sobre o que ultrapassa do valor de um salário-mínimo. No projeto aprovado, passarão a contribuir apenas do valor que ultrapassar o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), isto é, 7.786,02. Este projeto necessitava de uma análise mais detalhada da comprovação da compensação financeira para garantir o equilíbrio e a sustentabilidade do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Araguaína (IMPAR), pois se há a redução da receita recebida pelo Instituto, há necessidade de compensação destes valores de alguma outra forma.

Do ponto de vista dos aposentados que ganham até o limite do teto do RGPS, o PLC 20/2024 representa um ganho remuneratório, uma vez que deixarão de ser descontado valores no contracheque referente à contribuição previdenciária. Aos aposentados que recebem acima do teto do RGPS, isso representa um valor menor de desconto do salário.

Por outro lado, o PLC 21/2024 a reduziu os percentuais das alíquotas suplementares pagas pela Prefeitura ao IMPAR. Na Lei Complementar nº 157/2023, a alíquota suplementar imposta era de 6,22% para 2024 e no projeto de lei aprovado foi reduzido para 3,75%. As alíquotas aprovadas foram menores nos três primeiros anos e maiores nos anos subsequentes, conforme pode ser observado no quadro abaixo. A mudança, segundo críticos, representa um risco para o futuro do Instituto, transferindo para as próximas administrações uma obrigação financeira potencialmente insustentável.

Comparativo das alíquotas suplementares vigentes e do projeto de lei aprovado.

“Em relação ao projeto de lei nº 21/2024, o prefeito Wagner Rodrigues utiliza de manobra para reduzir o percentual de alíquotas suplementares que a prefeitura precisa pagar ao Instituto de Previdência, repassando aos futuros gestores a obrigação do pagamento de percentuais bem maiores. Se a Prefeitura porventura encontra dificuldades para pagar suas obrigações, qual a garantia que os próximos prefeitos conseguirão pagar, ainda mais com valores bem maiores no futuro? Que compromisso o Prefeito tem com o futuro dos servidores, com o futuro do Instituto de Previdência ao qual eles irão se aposentar? Mais uma vez é uma demonstração de descaso com os servidores públicos e com o próprio município ao empurrar esta dívida para o futuro!”, ressaltou Monike da Silva Oliveira, presidente do SINFAR.

O Sindicato dos Fiscais protocolou ofício ao presidente da Câmara Municipal solicitando que os projetos de lei tramitassem conforme prevê a legislação previdenciária. De acordo com o Sindicato, o Conselho Deliberativo do IMPAR, composto exclusivamente por servidores concursados (efetivos) do município, deveria ter apreciado os projetos de lei que impactam financeiramente o Instituto de Previdência, e isso não ocorreu, mesmo após os Conselheiros solicitarem via ofício ao Presidente do IMPAR a apreciação destas matérias.

“Existe vários artigos na legislação previdenciária que obriga que pautas que tratam de alterações de alíquotas e outros valores, que passem pela apreciação do Conselho Deliberativo e isso simplesmente não aconteceu! A Câmara Municipal mesmo sendo comunicada do fato, ignorou o alerta do Sindicato. Os vereadores simplesmente votaram sem ler por completo e analisar detalhadamente os projetos de lei, o qual apenas o PLC 21/2024 com os anexos contém 204 páginas!”, concluiu a presidente do SINFAR.

A presidente do SINFAR, Monike da Silva Oliveira, frisou ainda que o sindicato não solicitou em momento algum a retirada dos projetos da Câmara, como afirmado pelo Presidente da Câmara em discurso no plenário, o sindicato apenas requereu que os projetos seguissem os trâmites previstos na legislação.

O Vereador Enoque Neto lamentou o fato da Gestão Municipal não conseguir sentar com os sindicatos para debater os projetos de lei, faltando diálogo e debate.

Saiba abaixo como cada Vereador votou no PLC 21/2024: favorável à aprovação em verde e abstenção em amarelo.

Placar de votação da Câmara Municipal de Araguaína sobre a Projeto de Lei Complementar nº 21/2024. Imagem: reprodução YouTube.

Reações e Providências:

O Sindicato dos Fiscais, representando os interesses dos servidores, expressou sua insatisfação com a condução do processo legislativo, argumentando que os projetos não passaram pela devida apreciação do Conselho Deliberativo do IMPAR, como previsto na legislação previdenciária.

Além disso, o Sindicato anunciou sua intenção de notificar autoridades competentes, incluindo o Ministério Público, o Tribunal de Contas e o Ministério da Previdência, buscando responsabilização pelos envolvidos e eventual ressarcimento de valores devidos ao Instituto de Previdência.

O público presente acompanhava a sessão da Câmara Municipal na manhã desta segunda-feira, 21. Imagem: SINFAR.

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Comments (2)

  • Francisca E. De S castro Reply

    Ainda da tempo do sinfar fazer a fiscalização dentro do conselho do impar, os repasses que deixaram de fazer por anos e que levou o desfalque nos cofres de nossa aposentadoria, e que não fez quando devia ter feito. Agora um representante de sindicato quer que nós aposentados pague a conta. Nós já pagamos a nossa parte pra garantir nossa aposentadoria.
    Cadê os fiscais que ainda não solicitaram uma reunião pra nomear outra presidente desse sindicato?

    22 de maio de 2024 at 20:26
    • Monike Oliveira Reply

      Sra. Francisca, o SINFAR passou a fazer parte do Conselho Deliberativo do IMPAR apenas no final de 2021. Antes disso, quem fazia as indicações dos membros dos servidores era o SISEPAR e o SINTET (Sindicato dos Professores), época em que ocorreram os fatos citados por você. Então acho que você está cobrando do sindicato errado. Além disso, pelo seu comentário, podemos verificar que chegam aos servidores informações erradas sobre os reais fatos que estão acontecendo em torno das leis do IMPAR. Caso tenha interesse de conhecer a verdade, nos procure. Estamos a inteira disposição para uma conversa séria e repleta de fundamentos previstos em leis, pois estamos interessados em pessoas formadoras de opinião que façam a disseminação dessas informações.

      20 de junho de 2024 at 08:47

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